domingo, 14 de abril de 2013

Meus velhos por Caetano


A carne
a arte 
arde, 
a tarde cai
no abismo 
das esquinas


A brisa leve traz 
o olor fulgaz
do sexo 
das meninas

meus velhos

da pele macia
da mão que aninha
dos banhos de bacia
infância  cia

daqueles elos
meus velhos
daqueles elos

dos passos na areia de Arraial do Cabo
do "não sinta medo,
estou do seu lado"
estou aos berros mas
sofro mesmo calado

daqueles elos
meus velhos
daqueles elos

do berimbau
que já sei que não é gaita
do mau,
da vaia,
que nada!
é tão tarde
amanhã
já vem!

daqueles elos
meus velhos
daqueles elos

de como tremem
e temem
a mesmice
de como temo
e remo contra
a velhice
dos meus ídolos.







segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Tatuagem 2

Memória (Carlos Drummond de Andrade)
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.