domingo, 23 de dezembro de 2012

antes de acabar

dezembro, fim do mundo, natal e toda essa baboseira aprisionadora de tempo, me faz desejar um fim.
só para poder recomeçar.

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já me matei faz muito tempo
me matei quando o tempo era escasso
e o que havia entre o tempo e o espaço
era o de sempre
nunca mesmo o sempre passo

morrer faz bem à vista e ao baço
melhora o ritmo do pulso
e clareia a alma

morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma

leminski

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

e talvez a nossa vida não tenha mais fim


Eu sei que eu não faço nada
Mas eu gosto, gosto muito de você, de você, de você...
de vocêeee

sábado, 8 de setembro de 2012

bukowski 3


a noite será devagar

bem, aqui estou eu
de novo
ouvindo as boas e velhas
músicas
de novo,
sentindo tristeza,
a boa
tristeza
à moda antiga
em que as lágrimas
não chegam
a sair.
bom.
ouço mais um pouco.

a mente pode
consumir quantidades
mágicas de
memória
enquanto a noite se
desdobra
noite adentro,
enquanto outro charuto
é acesso,
como se pode ficar
terrivelmente amuado
quando velhas
músicas seguem-se
uma às
outras,
rostos são
lembradas,
rostos jovens,
como fatias novas de uma
maçã,
estão mortos
agora,
quase todos
eles
mortos
agora.

a aparente
beleza e
a aparente bravura,
se foram.

sentado aqui
permitindo que meus
melhores sentidos
sejam diluídos pela
melancolia,
um homem
velho,
lembrando
de novo,
olhando de cima
a baixo o bar imaginário
cheio de assentos
vazios,
pensando naquela
criança com os loucos
olhos
vermelhos
que sentava lá
enchendo o copo e
enchendo e enchendo e
enchendo
de novo
ao ponto da
imbecilidade,
agora lembrando,
ouvindo
de novo,
permitindo a idiotice
entrar
de novo,
somos todos
idiotas para sempre
idiotizados
para sempre.
alegremente.
agora.

Bukowski (2)


agora, se você tivesse que ensinar escrita criativa, ele perguntou, o que você lhes diria?

eu lhes diria para ter um caso de amor
fracassado, hemorróidas, dentes podres
e beber vinho barato,
para evitarem a ópera e o golfe e o xadrez,
seguirem trocando a guarda de suas
camas de parede em parede
e depois eu lhes diria para terem
outro caso de amor fracassado
e nunca usar uma fita de seda na máquina
de escrever,
evitar os piqueniques em família
ou serem fotografados em um jardim coberto de
rosas;
para lerem Hemingway apenas uma vez,
pularem Faulkner
ignorarem Gogol
olharem fixo para as fotos de Gertrude Stein
e ler Sherwood Anderson na cama
comendo biscoitos Ritz água e sal,
perceberem que as pessoas que não param
de falar sobre liberação sexual
na verdade estão mais assustadas do que vocês.
para ouvirem E. Power Biggs debulhar o
orgão no rádio enquanto estão
fumando um Bull Durham no escuro
numa cidade estranha
restando apenas um dia pago de aluguel
após terem desistido de tudo
amigos, parentes e empregos.
jamais se considerem superiores e/
ou dentro da média
nem nunca tentem sê-lo.
tenham um outro caso de amor fracassado.
observem uma mosca sobre uma cortina de verão.
jamais tentem ter sucesso.
não joguem sinuca.
deixem que uma fúria legítima tome conta de vocês
quando seus carros estiverem com pneu no chão.
tomem vitaminas mas não levantem pesos nem corram.

então depois disso tudo
revertam o processo.
tenham um bom caso de amor.
e a coisa
que talvez aprendam
é que ninguém sabe nada -
nem o Estado, nem os ratos
nem a mangueira no jardim nem a Estrela Polar.
e se por acaso vocês me pegarem
ensinando numa classe de escrita criativa
e me lerem este poema
eu lhe darei um A com louvor
bem no olho
do cu.

Bukowski 1

Chopin Bukowski este é meu piano. o telefone toca e as pessoas perguntam, o que você está fazendo? que tal encher a cara com a gente? e eu digo, estou ao piano. o quê? desligo. as pessoas precisam de mim. eu as completo. se não podem me ver por um tempo ficam desesperadas, ficam doentes. mas se as vejo me seguindo eu fico doente. é difícil alimentar sem ser alimentado. meu piano me diz coisas em troca. às vezes as coisas estão confusas e nada boas. outras vezes consigo ser tão bom e sortudo como Chopin. às vezes me sinto enferrujado desafinado. isso faz parte. posso me sentar e vomitar sobre as teclas mas é meu vômito. é melhor do que sentar em uma sala com 3 ou 4 pessoas e seus pianos. este é meu piano e é melhor que os deles. e eles gostam e desgostam dele.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

clima do momento

segunda-feira, 28 de maio de 2012

honey baby xuxu


Hoje eu to muito blue
E o mundo lá fora, cool
Eu to cheia, cheia, full
De coisas que penso of you.
É hard viver sem tu
Queria chamar-te de honey, baby, xuxu
Honey, baby, xuxu
Honey, baby, xuxu
E canto esses versos nus
Nus, soltos, trues
Pra te mostrar que nada é melhor que nós.
Juntos formamos us
E posso chamar-te,
Pra todos, gritar-te
honey, baby, xuxu
Honey, baby, xuxu
Honey, baby, xuxu.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Preciso aprender a só ser - Gilberto Gil

Sabe, gente.
É tanta coisa pra gente saber.
O que cantar, como andar, onde ir.
O que dizer, o que calar, a quem querer.

Sabe, gente.
É tanta coisa que eu fico sem jeito.
Sou eu sozinho e esse nó no peito.
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder.
Sabe, gente.
Eu sei que no fundo o problema é só da gente.
E só do coração dizer não, quando a mente.
Tenta nos levar pra casa do sofrer
E quando escutar um samba-canção.
Assim como: "Eu preciso aprender a ser só".
Reagir e ouvir o coração responder:
"Eu preciso aprender a só ser."

domingo, 15 de abril de 2012

lar

Patriotismo
Matriotismo
Filhitriotismo
otimismo
minha casa não tem dono.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Pé Pai Poser












quinta-feira, 22 de março de 2012

Soltinhas

"Deus escreve certo por linhas tortas" é um eufemismo de "Deus tem Parkinson"

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Reflito
sobre o
Reflexo
no
Rio
e
Reparo
eu sou um
Retalho
de todos os
Retratos
de cidade
Rio de Janeiro

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o caimento do vestido de noiva
a fez refletir
como casamento é caído.

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Nunca sentirei fome de novo
e amanhã será um novo dia
disseram todos
antes do vento levar toda aquela
vida mesquinha.

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segunda-feira, 12 de março de 2012

vai ser

vai ser muito hardcore para mim quando eu descobrir que não sou tão inteligente quanto eu penso que sou.

O pior é que eu to querendo me convencer disso.

Depois de todo esse tempo me convencendo do que eu era.

Vai ser foda. Vai ser um choque.

To indo lá, escrever sobre o luar e mostrar pra minha mãe, beijo.




quarta-feira, 7 de março de 2012

a mesma

engraçado, engraçado
encontrei um amor
encontrei uma meta
esbarrei numa flor
aprendi a ser correta
e incorreta também


 17 anos
vida pra burro
e a certeza que a vida
não basta
aquele velho amor a arte

sou uma farsa
eu continuo a mesma
amo os mesmos
e meu gosto musical ainda é o melhor.

sou a mesma Gabinha, Gabiroga, Gabriola
e sou tantas.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Florbela Espanca

AMOR QUE MORRE

O nosso amor morreu... Quem o diria!
Quem o pensara mesmo ao ver-me tonta.
Ceguinha de te ver, sem ver a conta
Do tempo que passava, que fugia!

Bem estava a sentir que ele morria...
E outro clarão, ao longe, já desponta!
Um engano que morre... e logo aponta
A luz doutra miragem fugidia...

Eu bem sei, meu Amor, que pra viver
São precisos amores, pra morrer
E são precisos sonhos pra partir.



Eu bem sei, meu Amor, que era preciso
Fazer do amor que parte o claro riso
Doutro amor impossível que há de vir!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Saudade Sempre

Sem mim
me agarro a um tanto de mim
não aqui
já existente
sobre tudo e abismo.
Horas são outrora
além-de. O
muito em mim me faz:
som de solidão.
-
Guimarães Rosa

Ou...Ou

A moça atrás da vidraça
espia o moço passar.
O moço nem viu a moça,
ele é de outro lugar.

O que a moça ouvir
o moço sabe contar:
ah, se ele a visse agora,
bem que havia de parar.

Atrás da vidraça, a moça
deixa o peito suspirar.
O moço passou, depressa,
ou a vida vai devagar?

- Guimarães Rosa

Rosa do Rosa.

SAUDADE, SEMPRE
(versão aflita)


Alma é dor escondida.
O coração existe
animal a um canto
- o triste.
Posso pecar contra ti
ingenuamente:
há fogo, o fundo
o instante; não,
o esquecimento
é voluntária covardia.

- Guimarães Rosa