domingo, 3 de julho de 2011

Mautner 3

PERFURO O VENTRE DA ESCURIDÃO

Perfuro o ventre da escuridão
onde as coisas se escondem
porque estão cheias de sim e de não e de confusão
e quando pergunto sobre qualquer assunto nunca
         respondem
São como coisas presas ao labirinto
com algemas nos pulsos e tudo
são cinco pras cinco e eu já me sinto
dentro do seu não e de um caixão de veludo

Toca teu samba, toca
e tortura meu ser com prazer de ser
a tortura como aquela coisa que nos choca
onde a alegria me enganava se dizendo a alegria de não ter

Não ter o quê?
Ora, tá na cara
não ter é não ter você                
seja com grilo ou seja odara

Luas de prata conseguem
fazer com que lentamente
as sensações das emoções naveguem
e invadam como as fadas minha mente

Doem-me todas as cicatrizes
e sinto as rugas das verrugas
Sei que és como atores e atrizes
e que sempre atacas quem te quer por em fugas

Tocas então mil serenatas
e antigas cantigas e rondós
depois mijas no chão como os cães vira-latas
e ficas falando de ti quando estamos a sós

É por isso que sinto todos estes e aquelas
dores incolores e na garganta estes nós
Nem as cores de óleos, hologramas ou aquarelas
poderiam expressar tão bem estes meus ós, ós, ós!

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