quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Oswald


O MACAQUINHO E A SENHORA


Um dia uma senhora
De rico parecer
Entrou num velho parque
A fim de espairecer

Olhou todas as flores
Era na Primavera
E pensou nos amores
Pois linda e moça ela era

Eis quando numa gaiola
Depara subitamente
Com feio e pelado bicho
O pobre Macaco Clemente

Vendo-a o filho de Deus
Sorri e se coça todo
Pula gira rodopia
Enfia a cabeça no lodo

Depois trepa, guincha, grita
E pinta o sete e o caneco
Ri-se, assovia, namora
E põe tudo em cacareco

A rica senhora sorri
Pra tal manifestação
Mas ao amor do macaco
Gelado é o seu coração

Desolado, cabisbaixo
Reflete o pobre Clemente
- Assim é a lei inflexível
Do meu destino inclemente!

Meses depois, a senhora
Das sedas e dos brilhantes
Regressa a jardim perdido
Mas não volta como dantes

Na cidade em que vivia
Rebentou a revolução
E o seu querido partiu
À frente de um batalhão

Uma manhã ela viu
O belo amante enforcado
Só a graça e a riqueza
Lhe restou do ano passado

Ávida, ei-la que procura
O triste do macaquinho
Pra ver se ele inda se lembra
Como ficou perdidinho

Mas o Clemente não liga
Às jóias, à seda, ao porte
Da grande e linda senhora.
É assim que muda a sorte!

Põe-se numa gostosa fruta
Preocupado a descascar
Enquanto ela dolorida
Procura o interessar

Moral

Inútil, minha senhora,
Seu macaquinho perdeu
Não troca ele uma banana
Por perfil de camafeu

Tarsila, bela Tarsila
Não vá entornar o caldo
Não perca tempo não perca
Case-se logo com o Oswaldo.

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