segunda-feira, 14 de junho de 2010

Clarice e Eu

Ano passado, em meio as diversas procuras espirituias, momentos de grande insegurança e busca de algo que ainda não sei direito o que é, lia Clarice, lia, lia e tentava aproveitar tudo que ela dizia para "aprender". Sim, não adiantou muito ler Clarice e a única coisa que aprendi foi: é besteira tentar encontrar nos livros o caminho, a resposta, o alívio para alguma coisa.
Mesmo assim, e mesmo ela sendo vítima de semi-cults de todo canto que adoram a citar em profiles orkutleticos, ainda gosto muito de algumas coisas que ela me diz.
Do livro "Minhas queridas" (que é a publicação das cartas que ela enviava para as irmãs enquanto morava fora com o marido diplomata):

"Cheguei mesmo à conclusão de que escrever é a coisa que mais desejo no mundo, mesmo mais que amor. Houve uma briga entre eu e Maury porque ele interpretou como literária uma carta que eu mandei. Você bem sabe que isso é a coisa que mais pode me ofender. Eu quero uma vida - vida e é por isso que desejo fazer um bloco separado da literatura."
(cheguei mesmo à conclusão que teatro é a coisa que mais desejo...)

"Tania, querida:
Não me passe carão: mas na segunda-feira de carnaval fomos a uma festa na casa do cônsul americano e eu tomei um bom pileque. Eu digo não me passe carão porque o dia seguinte já passou."
(de pileque e ressaca ninguém está livre)

"Tinha uma enfermeira velha e altíssima divertindo-se muito, a única em vestido comprido. E uma outra extraordinariamente gorda, de espantar, muito alegre, fazendo piadas sobre o próprio peso, o que não deixa de ser um pouco triste. Se a gente tivesse duas vidas, não fazia tão mal ser tão gorda numa delas"
(regime, oi)

"ela vai se criando tão bem"
(adorei isso)

"Para não ser tão humilhada e pisada eu procuro me interessar por homens e isso até me cansa, me desvia do meu trabalho que é a coisa mais verdadeira e possível que eu tenho. O resto é sensibilidade ferida, é insastifação, é absoluta insegurança quanto ao futuro, é incompreensão do presente, é indecisão quanto aos próprios sentimentos. Estou ficando cínica e sem pudor. Que me interessa que isto suceda a outras mulheres? O que para umas é condição da própria feminilidade, noutras é a morte desta e de tudo o que é mais delicado. Sei que eu mesma não presto"
(é, tipo, foda. mais foda pela identificação imediata)

"Há pessoas que quebradas no seu orgulho, nada mais têm"
(reflita, hahaha)

"Só emagrecerei se começar a me desesperar por exatamente essa vida besta em que eu não faço nada. Só emagrecerei se começar a me desesperar por exatamente essa vida besta, o que eu não creio que aconteça porque estou excessivamente mergulhada nela para poder me desesperar"
(ah! bruta flor da existência)

Sejam, felizes queridos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário